Quem
acompanha futebol por certo já se deparou com essa situação diversas vezes. É
raro, mas jamais impossível, assistir a um time escapar de uma derrota e virar
o placar a poucos minutos do final da partida. O que dizer, então, da
possibilidade de reverter o jogo aos 40 ou 45, ainda do primeiro tempo? Essa é
a experiência vivida por muitos brasileiros que, em busca de novos ares e
oportunidades profissionais, apostam nos concursos quando já percorrem a casa
dos 40. Afinal, sempre é tempo de apostar na carreira pública. Mas, para esse
perfil específico de concurseiros, há algumas dicas valiosas. Autoconhecimento,
planejamento, pesquisa e autoavaliação. Essas são as quatro etapas que devem
ser percorridas pelas pessoas nesta faixa etária que querem mudar de vida
através dos concursos. Ao menos esse é o método proposto pelo coach de carreira
e orientador profissional Maurício Sampaio. Ele que garante que, ao passar por
essas quatro fases, os "quarentões" conseguem diminuir em até 80% os
riscos de escolherem errado a nova carreira, o que poderia gerar frustrações no
futuro.
"A
primeira etapa é trabalhar muito a questão do autoconhecimento, que é saber
exatamente o que você gosta. Têm várias pessoas que escolhem um concurso e
depois vão descobrir que não têm nada a ver com aquela carreira, e acabam
gastando tempo de preparo, energia e dinheiro. Outra coisa importante é
estabelecer um planejamento, essencial para quem quer ser aprovado em um
concurso público. É um planejamento de tempo e de dinheiro. De tempo porque a
pessoa precisa dele para se preparar tecnicamente. E financeiro, pois muitos
deixam de trabalhar justamente para prestar concurso público. O terceiro passo
é a pesquisa. É preciso pesquisar, principalmente, as vagas que estão sendo
oferecidas. Saber o que a vaga oferece, o que é o dia a dia da função, porque
além do lado financeiro, é preciso levar em consideração o lado emocional. Por
último é a autoavaliação. Se é um planejamento de mudança no tempo de um ano,
por exemplo, uma vez por mês, pelo menos, deve-se olhar a trajetória percorrida
e observar se está no caminho certo, se está funcionando aquilo que foi
planejado, o que precisa ser mudado, o que precisa ser revisto", explica o
orientador profissional.
Segundo
Maurício Sampaio, prestar concursos na casa dos 40 anos, além de ser uma
resposta possível aos questionamentos naturais desta fase da vida, pode ser uma
estratégia muito positiva - desde que fruto de uma decisão tomada de forma
consciente. "A inconsciência seria se inscrever numa disputa dessas
somente porque acha que deve fazer. É preciso ter o planejamento e saber se é
isso mesmo que se quer. Talvez a pessoa não tenha 100% de certeza disso. Mas,
se esse grau de convicção atingir ao menos 80%, já ajuda muito. Esse método de
quatro etapas que eu defendo - autoconhecimento, planejamento, pesquisa e
autoavaliação - pode reduzir a quase zero as chances de erro de escolha
profissional". Para o coach de carreiras, o maior desafio para aqueles que
topam encarar este desafio é justamente passar pelo método que ele propõe.
"Se a pessoa não conseguir fazer esse processo sozinha, é sempre bom
contratar um profissional especializado. Existem algumas universidades públicas
que oferecem gratuitamente o programa de orientação vocacional, geralmente
inserido nos departamentos de Psicologia", destaca Maurício.
De
acordo com o orientador, é difícil traçar um perfil específico dessas pessoas.
"O que observo muito é que esta faixa, por volta dos 40 anos, é mais
suscetível a essa mudança. Quem está na casa dos 38 aos 47 anos de idade, em
geral, já está há muito tempo dentro de um trabalho. Muitos estão cansados da
rotina da empresa onde trabalham. Alguns têm aquele sentimento de insegurança
de, a qualquer hora, serem mandados embora. Todos necessitam de uma segurança
financeira maior. Existem também aqueles que abdicaram da própria família para
doar o sangue pela empresa e agora querem ter um contato mais próximo com a
família, com mais tempo", explica ele, lembrando que, para todos esses
perfis, a carreira pública pode ser uma boa opção.
Um
desses "quarentões" que só agora atentaram para a possibilidade de
prestar concurso é o administrador de empresas Celso Pomp, de 44 anos, que
sempre trabalhou na iniciativa privada. Para ele, o salário e a estabilidade
são os maiores atrativos. "Passei a minha vida toda em empresas privadas e
eu sempre gostei de trabalhar nelas. Mas, nos últimos anos, os salários neste
campo ficaram achatados, enquanto os do setor público começaram a se elevar
bastante. A expectativa salarial, na carreira de servidor, tem sido mais
atraente. Comecei a pensar em prestar concurso há pouco tempo", explica
Celso, que atualmente está se preparando para as próximas provas da Receita
Federal, concurso que deverá ser realizado em breve - leia matéria AQUI.
Ao
ser questionado se há arrependimento por não ter prestado concursos quando mais
novo, ainda no início de sua caminhada profissional, Celso diz que prefere
olhar para frente. "É lógico que se eu tivesse pensado em fazê-los antes
eu teria que me dedicar menos do que tenho que me dedicar agora. Antigamente, a
maior parte das pessoas preferia ir para iniciativa privada, não havia toda
essa cultura de concursos. Então, quando você concorria a uma vaga no setor
público, disputava com menos pessoas, ou talvez com pessoas que se preparavam
menos. Em geral, o nível de cobrança era muito menor. Agora, a situação é
outra", opina ele, apontando para o fato de o mercado de concursos, como
um todo, estar cada vez mais profissionalizado. "Apesar disso, vou em
frente em meu projeto de concorrer às vagas nas áreas administrativas e federais",
concluiu.
Fonte:
Folha Dirigida


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